quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Vozes em meu ouvido...

Parece que está degenerando-se, mas na verdade é apenas mais um degrau de subida pro topo do êxtase. Paredes e paredes de concreto. Você pensa que está tudo acabado, só as paredes que não param de crescer.

Enfim, um grito agudo lhe faz levantar, lhe manda prosseguir e derrubar aquele exército de muros intransponível.
E a voz que fala no seu ouvido é forte, sedutora e instigante. Aquele arrepio na espinha levanta-lhe os ânimos e faz você lutar contra o descontente sentimento de desilusão.

E esse suspense que me convence que nunca vai chegar a hora de gozar sua chegada. Nunca chegará o momento em que eu terei o que quero.
A sinestesia dos meus sentidos aguçados cada vez maior. O gosto do seu cheiro, o perfume dos seus olhos, o som das suas mãos em mim. Difícil definir a sensação de algo nunca antes provado, algo que sei que nunca poderei provar.

O mais belo cálice de sentimentos misturados com vinho seco. Uma mistura difícil de tornar-se agradável, mas tão freneticamente desejável pela exoticidade... Quanto mais terei que incitar minha imaginação pra alcançar quão inatingível é o prazer de estar nesse cálice, afogando-me no vinho seco, o sangue do pecado.

Ah! Aquelas vozes. Que falta me fazem. Tão intenso o vício incomensuravelmente crescente. Arrepio. Cores, imagens distorcidas, os olhos da noite, o frio da perda, o calor da luta, o caos.

Você é o caos para os meus ouvidos. Você é aquela voz. Aquela que eu tanto almejo ouvir dizer "Adeus, nunca mais verei você novamente..."

Assim minha aflição conformar-se-á com nosso fim.