domingo, 30 de maio de 2010

"Rendar-se"


...Porque é de forma diferente
menos intensa, transparente
Lúdico, cômico, cativante
Sem parâmetros, excitante...

Meu Deus, impeça esses olhos de me chamar como eu acredito que eles me chamam.
Não vos deixe aproximar-se. Não permita que corrija sua boca com os traços dos meus lábios.
Não deixe que escape minha vontade de tê-los.

...Porque são olhos que não me pedem nada
Mas também nem precisam pedir
Supostos desejos ocultos, deixe fluir

E não há nada mais singelo. E não há também quem não o diga.
E, às vezes, me dói. E tenho a mesmo dó.
E cola. E prende. E seca. E arde.
E é progressivo. Basta!

Os braços em volta do corpo. Os dedos envoltos nos cabelos.
Como um tecido suave, renda fina. Uma segunda pele.
É quase música.
Quase posso ouví-la.

É por isso que me sinto assim, completamente desarmada.

domingo, 16 de maio de 2010

A fragilidade do ser humano é angustiante. Saber que, sem mais nem menos, por um deslize seu ou crueldade do próximo, sua vida é posta em risco ou fatalmente afetada.

Digo que seja o destino o grande culpado do nosso dia-a-dia, mas é tão fútil e revoltante usá-lo como justificativa pra tanta discórdia e ódio que há no coração do homem que penso ser injusto para comigo, meus semelhantes e a "força da natureza" que tenha que se comprometer de forma ininterrupta em nossas vidas.

Por várias veses enxerguei desconforto nos olhos de outrem que demonstram bondade forçosamente, como se mendigando a estadia deles no mundo. Acham mesmo que terão vida eterna nas nuvens se fingirem se preocupar? Serão eles ingênuos a esse ponto? E suas consciências, não contam?

Inadmiscível é a idéia de que não somos responsáveis por nossos atos e de que as coisas "tinham de ser assim". É uma fuga das consequencias de nossos próprios atos. Covardia.

Lamento, as coisas não vão voltar a ser como eram. E a culpa é completamente minha!

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Luto

E o nosso pensamento é de que A Morte acontece de forma desnecessária. É sempre esse quando conhecemos a vítimas dessazinha institulada desde os antepassados como verdade absoluta. Já dizia minha grande (a)Vó Sula: "A única coisa que a gente tem certeza nessa vida é que um dia a gente vai morrer"... E com certeza ela roubou essas palavras de alguém muito conhecido que agora eu não me lembro quem é.

Uma grande perda gera uma grande revolta e um vazio no peito que parece um grande cachorro com fome, devorando tudo o que vê pela frente... é, infelizmente, contagiante...

A misticidade e mistério que envolve esse acontecimento é tanta que não se acha mais palavras para consolar, para digerir, para aguentar e manter erguido o peso da rotina do nosso dia-a-dia. O cotidiano se rompe e volta um ou dois dias depois a ser quase o mesmo, mas sem o encaixe perfeito do quebra-cabeça.

A ilusão de que as coisas deveriam ser assim, "por que tinham que ser" já não tem tanta convicção como a perda de documentos num ônibus, o fracasso de uma viagem programada a meses, a partida de um ente querido que foi transferido do trabalho... Nada se encaixa, nada se explica. Não há eufemismo, conforto, ou qualquer outra forma de amenizar a perda.

Sinto muito Jair. Não sei o que dizer.

(Em memória do Técnico Jair, assassinado em 12 de maio de 2010)

A 'Flor' da pele


"São bem vindas as flores, por menores e inodoras que sejam. Não omita seu desejar, elas o sentem. Nenhum cheiro e melhor e mais forte do que aquele que vem da alma. Nenhuma verdade é mais absoluta do que aquela que não precisa ser dita. Façamos valer a pena nosso aluguel na Terra."

Eu Lírico: Samantha


"O 'pra sempre' sempre acaba" (Renato Russo)

quarta-feira, 5 de maio de 2010

De olhos fechados

Gosto de falar sobre os sentidos.

O cheiro. Como resistir a um bom café, independente de hora e ocasião. Nossa fome. O quão ela é influenciada por cheiros diferentes... Falo nos dois sentidos. Aquele aroma de frango assado vindo do quintal do vizinho de trás, denunciando um churrasco daqueles! O seu cheiro na minha fronha. A fome!

O tato. O leve deslizar de mãos suaves no nosso corpo, um cafuné. Um abraço, por mais rápido, um forte abraço. E junto com o abraço... o cheiro. Ainda sinto. Ainda reconheço quando passo nas ruas. Sei que é o seu.

O som! Aaaah, o som! Aquele violão distante... a voz de Tom York, mansa, acompanhando o ressonar das cordas do violão... um arrepio na nuca... e mais uma vez: o tato!

Não consigo lhe ouvir. Não sinto seu cheiro a essa distância. Não tenho fome sem o seu cheiro. Só o pensamento em você não me arrepia. Não tenho você. Não sinto vontade de te ter. Não agora.

Gosto de falar nos sentidos. Simplente porque eles me resumem.


Eu lírico - Samantha