sexta-feira, 8 de maio de 2009

A dor

" Junto à minha rua havia um bosque, que um muro alto proibia
Lá todo balão caia, toda maçã nascia e o dono do bosque nem via
Do lado de lá tanta aventura e eu a espreitar na noite escura, a dedilhar essa modinha
A felicidade morava tão vizinha que, de tolo, até pensei que fosse minha
Junto a mim morava a minha amada com olhos claros como o dia
Lá o meu olhar vivia de sonho e fantasia e a dona dos olhos nem via
Do lado de lá tanta ventura e eu a esperar pela ternura que a enganar nunca me vinha
Eu andava pobre, tão pobre de carinho que, de tolo, até pensei que fosses minha
Toda a dor da vida me ensinou essa modinha"

Chico Buarque





Samantha sentia-se triste, angustiada.
Há muito não sentia-se assim, tentava não pensar na enfermidade que lhe aflingia, mas hoje as dores a haviam lembrado.

A dor não era no seu corpo fragilizado, era em sua alma. Ecoava, brandava-lhe os ouvidos, arrancava-lhe lágrimas, como uma pequena depressão, vinda momentaneamente, fortes e dolorosos batimentos cardíacos longos desritmados.


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